segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Perda

  Este fim de semana morreu a mãe de uma amiga minha, uma pessoa muito importante no meu percurso.
... ela fez-me uma pergunta à qual não soube responder e continuo a dar voltas à minha cabeça à procura de uma resposta que possa ser reconfortante para uma filha que acabou de perder a sua mãe. Fiquei com um nó na garganta, incapaz de pronunciar qualquer palavra, qualquer som que seja.
  Ouço o som do choro dela, do seu sofrimento. De imediato tomei as suas dores como minhas, estava junto dela para a ajudar na dor e na luta deste momento e do que estava para vir.
  Ela estava inconformada.
  Não consegui proferir nada, apenas lhe dei o meu abraço, não consegui mais. Ela precisava de chorar... a dor dela era de uma dimensão tamanha incapaz de eu conseguir sequer imaginar...
  Ninguém devia ficar sem mãe, nem pai, os nossos pais deveriam ser eternos, eles é que nos protegem, eles trouxeram-nos a este mundo, por isso, deviam permanecer junto a nós, ficar connosco até chegar o nosso momento de partir, então aí, iríamos juntos para uma nova caminhada, sem dor, nem sofrimento ou  saudade desmedida.
  Não conseguia vê-la naquela dor, naquele choro.
  Chorei com ela, dei-lhe a mão, abracei-a, dei-lhe o meu amparo, o meu ombro,nada mais poderia fazer, sentia-me encurralada, não conseguia fazer nada para alterar o seu sofrimento, como eu gostaria de apaziguar a sua dor, nem que fosse por segundos... dei-me a ela, para ela poder chorar a sua perda. 
  Senti-me especial, ainda com a dor toda dentro dela, conseguiu fazer-me especial, o que ela me disse tocou-me no coração.
Gostei muito de te ver aqui...foi muito importante para mim, tu realmente és uma pessoa especial.
Só consegui beija-la, agarrá-la com mais força, dizer que gostava muito dela, queria protege-la, não queria que ela passasse por aquilo, era injusto.
 Sabia que não podia deixá-la sozinha, eu queria estar com ela. Queria chorar com ela...
 Ouvi-te  chamar pela tua mãe, várias vezes, como se fosses uma criança perdida e desamparada, que procura desesperadamente pela mãe ou por uma resposta ao chamamento apenas... eras pequenina.
Querias o abraço...o abraço dela, mas ela continuava a dormir serenamente.
 Não te podia deixar, tinha que te apoiar, estavas indefesa, precisavas de protecção, eu tinha que estar presente, não conseguia fazer de outra maneira.
 Daqui para a frente é uma aprendizagem nova, aprender a viver todos os dias.
 Aqueles que amamos nunca morrem, apenas partem antes de nós....
 
 

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